domingo, 29 de abril de 2012

Um dia em que deu quase tudo errado.


O dia 13 de dezembro amanheceu chovendo. E muito. Primeira decepção:  Laura queria  mergulhar com os tubarões, mas foi logo sendo avisado que com chuva e tanto vento, tal aventura não seria possível. Não entendi  nada: se é para mergulhar, por que deveria estar fazendo sol? Ok. Sem mais. Plano B. Resolvemos pegar um ônibus turístico – aquele que você sobre e desce onde você bem entender, fica por quanto tempo quiser e espera pelo próximo. Sei que tem muita gente que odeia, mas acho uma boa maneira de entender a cidade ou, se tiver pouco tempo para isso, ticar todos os lerês em um só dia. Os nossos objetivos eram subir até a Table Montain e visitar o aquário e o Museu da História Africana. A parte dedicada à arqueologia é muito interessante. Cobre milhares e milhares de anos – e já que todos nós descendemos de um africano, é de sempre de bom tom conhecer nossos tritritritriavós.
Pinturas rupestres, lindas. Modos de vida, vestimentas, artefatos de uso cotidiano. Tudo didaticamente exposto com maquetes e bonecos em tamanho natural. No segundo andar do museu o foco era a vida marinha. Um lixo. Tirando um esqueleto real  de uma enorme baleia Jubarte, o resto dos bichos era de plástico. E muito mal feitos.

Segunda parada: uma igreja que ficava no District Six e hoje também é um museu. O bairro concentrava uma grande diversidade de raças e etnias e quando o governo aprovou uma lei que proibia relacionamentos inter-raciais, 60 mil pessoas foram desalojadas e transportadas para a periferia da cidade. Todos os edifícios, com exceção das igrejas e mesquitas, foram destruídos e até hoje existem imensas áreas que nunca foram ocupadas pelo governo de então. Um pensamento recorrente é que tais áreas deveriam permanecer assim, tomadas pela grama e ervas daninhas, para que ninguém se esqueça do que foi feito ali.
Terceira parada, não paramos. Meu pé precisava de um descanso. Quarta parada – não, ainda não morri, Table Mount – o teleférico estava fechado. Tudo nublado. Pena. Volte outro dia. Hãhã.

Quinta parada, o Aquário. Enquanto Laura foi comprar os ingressos eu, fumando um cigarrinho, dei falta dos meus óculos escuros. Fui até o ônibus e o motorista pediu o ticket do tour. Estavam com a Laura. Fui buscar. Voltei e ao ver o bus partindo dei adeus a um belo Vuarnet de estimação.

O aquário vale a visita. Já na entrada, alegria da criançada, um espaço só para os nemos. Tudo é organizado por oceanos. Tem sala para o Índico, para o Atlântico, para o Pacífico. Só achei falta de uma sala para o Mar Morto. No final, a sala mais esperada: os tubarões. Lotada. Dois mergulhadores alimentavam os bichos. Na boa. Com eles também convivem tartarugas gigantes e outros peixes (mais informações, a Laura atende em horário não comercial).
De novo, e agora sob o sol e sem óculos escuros, fomos almoçar. Comemos pouco, porque eu tinha uma recomendação sobre um restaurante imperdível (estou acreditando que meus amigos que me recomendam restaurantes viajam sempre na pessoa jurídica), um tal de Moyo.
Gente, era longe demais. Quase 500 rands só de táxi para ir e voltar. O ambiente, bacana. O cardápio, incompreensível. Perdido por perdido, perdido e meio, pedi uma carne. Prato típico sul-africano. Very nice – opinião do garçom. Tudo bem, tá no inferno abraça o capeta. O prato chegou com duas coxas de um ser que eu não identifiquei nem pelo sabor nem pelo aspecto. A Laura perguntou ao garçom: springbok. Ah! Uma espécie de antílope, porém pequena.
- Mãe, você comeu o bambi.
Você sabia?
Um dos animais mais temidos por qualquer ser humano racional é o tubarão branco.  Aqui na Cidade do Cabo eles infestam os mares e servem de atração turística. Porém, a fama de assassino dos mares é injustificada porque o animal que mais mata na África não é o tubarão branco e sim o hipopótamo(!!!).Isso mesmo, o singelo animal que aparece dançando balé no clássico da Disney Fantasia é o grande terror africano. Enquanto os tubarões matam de 30 a 100 pessoas por ano os hipopótamos matam mais 200. Mas o animal mais mortífero do planeta é o mosquito, grande disseminador de doenças, ele mata mais 2 milhões de pessoas por ano. Não se esqueçam do repelente!


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