quinta-feira, 5 de abril de 2012

Meu chefe me amava - parte II

Depois de ter passado pela experiência de ser uma publicitária mandada para o front durante a Guerra das Malvinas, meu chefe decidiu que eu seria a pessoa ideal para dar uma assistência ao pessoal da agência recém adquirida pelo grupo em Santiago do Chile. A minha nobre missão era organizar um workshop em Viña del Mar. Tendo como convidados, além dos próprios chilenos, colegas da Argentina, Brasil, Peru, Bolívia, Porto Rico, Miami (sempre considerada parte da America Latina), Portugal, Itália e, claro, os galantes ingleses, o evento virou uma confusão.
O Chile vivia uma ditadura - mais uma no meu currículo. Pior, havia toque de recolher.
O que significava deixar mais de 30 homens depois de um dia inteiro de trabalho (ok, sempre com vinho disponível), confinados em um hotel. Tudo bem, o desespero durou pouco. Éramos todos criativos.
Alguém, cujo nome não conto nem sob tortura, descobriu um cabaré que ficava aberto a noite inteira. A condição era: entrem até as 21h e saiam depois da 7h. E foi só felicidade.
Tropicana era o nome do local. Marujos, travestis, stripper, doidos de todos os lugares do planeta atracavam ali para passar o tempo. Tinha a Mulher Busto (mãe de todas as mulheres melancias, peras, maçãs?), a Louca Por Ti America, o que bebia mesmo dormindo - tinha uma técnica invejável: deixava a garrafa apoiada em um copo e a bebida ia caindo na sua boca como em conta gotas enquanto ficava com a cabeça apoiada na mesa. Sensacional.
Como as poucas mulheres que integravam a comitiva delegada não queriam ficar sozinhas no hotel, lá íamos nós.
Foi uma bebedeira, uma risadaria, uma congregação só. Como nem tudo é perfeito, os chilenos não participavam da festa.
O resultado disso foi que o workshop resultou bem menos produtivo do que se esperava. Mas, a festa de encerramento, agora com a presença dos chilenos, foi lá mesmo. No Tropicana.
Saudades do chefe que só me metia em encrencas.

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